terça-feira, 1 de novembro de 2011

Livro: O que me vai no coração

Pego num martelo e começo a amassar os dedos um a um, até perfurar. Não sinto dor, o coração apoderou-se dela. Sinto um cheiro a carne viva, um cheiro que me entranha e se apodera da minha alma. Entrecruzamo-nos e os meus olhos fintam os teus, imóveis e sombrios.
Está tudo desfocado, deixo de ver. As minhas pernas perdem toda a força que tinham (pouca) e partem, mesmo a meio, até ficarem as cartilagens bem salientes.
Nisto, começo a roer nervosamente as unhas dos pés, num comportamento animal inexplicável, passando aos dedos, um a um.
A mera hipótese de te voltar a encontrar domina-me e muda-me completamente. Virei morta-viva e ainda me olhas com desdém.
As minhas mãos paralisam e arranco um dos olhos sem querer, com a prenda de ponta afiada que tinha para te dar.
Estou a desfazer-me e a culpa é tua! Um grito sufocante que chega ao inferno e te penetra no ouvido.
Pegas nos pedaços desfeitos do meu corpo e decides por fim, apertando-os contra as mãos, beijá-los um a um, APAIXONADAMENTE. (coração)

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